Baby blues ou disforia pós-parto é um quadro leve de irritabilidade, ansiedade, humor instável, episódios de choro imotivados, ou por motivos triviais que não eram anteriormente capazes de instabilizar esta mulher. Ocorre em 60 a 80% das mães e se inicia logo após o parto, tem um pico por volta do quinto dia e tende a desaparecer ao final de duas semanas.
Dadas as intensas alterações hormonais ocorridas no puerpério e a alta frequência do quadro, durante certo tempo atribuiu-se aos hormônios a causa dos sintomas. Porém, verificou-se posteriormente que o Baby blues aparecia também em mães adotivas, o que refutava a hipótese de ser puramente uma questão hormonal.
Estudos mostraram que mães de bebês prematuros que permaneceram internados podiam apresentar quadros de depressão pós parto, mas enquanto os bebês estavam internados, não apresentavam o baby blues. Porém, quando os filhos tinham alta e elas se viam em casa e se defrontavam com a necessidade do início dos cuidados, os sintomas apareciam em sua forma clássica.
A partir dessa observação, deixou-se de atribuir a disforia pós-parto apenas às questões hormonais e desenvolveu-se o entendimento de que ela se deve a presença da criança na vida da mãe e à insegurança que pode aparecer por haver um ser tão frágil e totalmente dependente de seus cuidados. Vale lembrar que a insegurança pode aparecer em questões mais práticas relativas ao cuidado, aleitamento e saúde, mas também em questões afetivas como a ansiedade provocada na formação de um novo e tão intenso vínculo. Afetivamente, a mãe revive sua história de filha em paralelo ao seu desenvolvimento como mãe.”Será que serei suficiente para cuidar? Será que serei capaz de amá-lo? Será que serei amada nessa nova história que estamos construindo? Será que cumprirei as expectativas sociais como mãe?”
Mães de primeira viagem podem apresentar a sensação de que jamais serão capazes de cuidar de um bebê e mães que já têm mais filhos podem sentir que não darão conta de mais uma criança. Em aspectos emocionais, podemos entender que o desafio de iniciar um vínculo afetivo de tamanha intensidade ocorre a cada relação, pois cada vínculo é único.