No último post dessa série sobre depressão pós-parto, vou discutir um pouco sobre as depressões maternas que se cronificam durante a infância da criança, dentro de uma perspectiva comportamental. Ocorre que as mães deprimidas, que estão tristes, irritadas e com uma visão negativa do mundo tendem a ficar pouco sensíveis às demonstrações de afeto e de desejo de contato e até mesmo com dificuldades em poder ter prazer ao enxergar o desenvolvimento de seu filho. Percebe os cuidados como um peso, sorriem pouco e tendem a estar distantes emocionalmente, pouco reativas, não reforçando os comportamentos “positivos” como a obediência, busca de carinho e contato ou tirar boas notas na escola por exemplo.
A criança, que busca atenção, sente-se desamparada.
Por outro lado, essas mesmas mães estão mais sensíveis a estímulos “negativos” e com baixo limiar para responder a eles. Com facilidade reagem a birras e pequenas malcriacoes com expressões de desagrado, postura corporal ou broncas .
Dessa forma a criança entende que a forma de obter atenção é com os comportamentos “negativos”. Tende a aumentá-los a fim de ser visto, observado e obter alguma forma de atenção da mãe.
Forma-se então um círculo vicioso: a mãe já irritada passa a cada vez mais repreender e dar peso aos comportamentos negativos. A criança, obtendo cada vez mais atenção com eles, tende a aumenta-los em frequência e intensidade, podendo chegar a apresentar os chamados comportamentos externalizantes como explosões de raiva, comportamento opositivo e auto e hetero-agressividade. Num extremo pode vir a apresentar o Transtorno Opositivo Desafiador, condição infantil que requer atendimento e cuidado especializados.